Além da gasolina incrivelmente barata (um jornal que eu li dizia que o preço médio do litro era de US$0,05 e um motorista de taxi me disse que custava US$0,10. Em todos os casos, baratíssima) e de um povo simpático, uma coisa impressionou este carioca: não vi crianças ou vagabundos de bobeira na rua. Tudo bem, você pode dizer: "Ah, Cláudio, você deve ter ficado numa região nobre." Possivelmente, mas mesmo nas regiões mais nobres aqui o Rio a gente vê disso tudo. Estão aí Copacabana e Ipanema que não me deixam mentir.
Mesmo numa das muitas favelas não vi crianças de bobeira na rua. As que eu vi na rua estavam voltando da escola.
O que fui fazer na favela?
A estrada que liga o centro ao aeroporto está com problemas e os engarrafamentos são monstruosos. O taxista que eu peguei pegou uma rota alternativa que, para terror de um carioca, passava dentro de uma, digamos, comunidade. Mas valeu: lá do alto dava para ver a estrada principal e o verdadeiro estacionamento no qual ela se transformara.
Uma viagem que seria de umas 2 ou 3 horas ficou em apenas 50 minutos.
Outra coisa belíssima é a geografia: montanhas e vales belíssimos que seriam ainda mais belos se não fosse a impressionante quantidade de barracos.
Se Chávez é inimigo dos EUA, nem quero imaginar o que seria a Venezuela se ele fosse amigo. Vi vários e vários americanos no hotel que eu fiquei destinado principalmente ao segmento de business. E vi várias empresas americanas -Citibank! - operando em Caracas.
Chávez sabe que a retórica é uma coisa mas a realidade não é opcional.
O trânsito de Caracas é uma das coisas mais caóticas que eu já vi (à noite não é tão ruim). Não sei porque o governo se dá o trabalho de pintar as faixas brancas nas ruas. São solenemente ignoradas.
Para finalizar, o único momento em que eu senti um pouco a hostilidade do governo foi no aeroporto na hora de sair. Militares fazem controle de acesso aos balcões de check-in (!) das companhias aéreas. Não entendi o motivo. Além disso, a burocracia federal no aeroporto me pareceu bem hostil e com aquela sensação de superioridade ante as "pessoas comuns", bem típicas de regimes autoritários.
No geral, foi uma experiência agradável.