Obama, claro, cumpre o seu papel. Escrevi, certa feita, que há nele muitos quês de terceiro-mundismo. As parcas e os porcos logo entenderam que me referia à sua origem e à cor de sua pele. Não! Incomoda-me nele essa vocação para inaugurar auroras, para gáudio de seus mistificadores midiáticos, numa espécie de demonização retórica do passado, sem alvo definido. E também não dá para negar os apelos messiânicos de seus discursos. Ontem, falou em "reconstruir a América". Ela foi destruída?
Já faz algum tempo que li um pequeno livro chamado The True Believer: Thoughts on the Nature of Mass Movements, onde Eric Hoffman faz uma brilhante análise dos movimentos revolucionários da nossa história. Um aspecto estava presente em praticamente todos: o único jeito de fazer as massas mergulharem de cabeça numa proposta desconhecida é fazendo-as crer que a situação atual é desesperadora.
Ou seja, para apostar em Obama, um político inexperiente e de passado obscuro, seria necessário que a população acreditasse que os EUA estivessem caindo aos pedaços, num estado deplorável.
Como ouvi muito por aí, de "especialistas", "pior do que com o Bush não pode ficar".