O Brasil pode ser um país pobre por vários motivos - muitos deles já levantados por qualquer um dos blogs aí do lado. Mas a baixa qualidade de vida, no dia-a-dia, devemos também a um traço marcante da nossa cultura: a tendência a fazer as coisas meia-boca (ou nas coxas ou, como dizem os gringos, half-assed jobs). Tomem como exemplo qualquer parque ou outro logradouro público e notem como, apesar de existir gente contratada para a sua manutenção, as coisas geralmente são feitas com pouco ou nenhum capricho. Aliás, capricho aqui é a palavra-chave. Mais desleixado que o brasileiro eu só vi na minha vida os haitianos do aeroporto de Miami (eu passei por lá uma boa quantidade de vezes para estabelecer um padrão razoável de comportamento). Se o resto da população haitiana é assim, muita coisa se explica.
No outro extremo, a Suíça, um país que eu tive a oportunidade de visitar uma quantidade de vezes suficiente para estabelecer um padrão razoável de comportamento dos suíços. Me aproveitando do SwissPass, andei por um punhado de cidades suíças e em todas, repito: todas, não importando o porte, o que se via era um capricho fora do comum, principalmente nos parques, praças públicos. Por favor, não confundam capricho com luxo. Não eram bancos de mármore com pés de ouro. Isso é típico de países ricos como o nosso. Falo de bancos simples, de madeira, mas pintados e bom estado de conservação. Falo de canteiros com flores baratinhas mas sem um matagal para escondê-las. Um dos prazeres das viagens de trem era certamente observar a impecável manutenção das cidades, principalmente das menores. E ver que é possível criar um ambiente agradável para se viver com pouco dinheiro, bom gosto e muito capricho.