28 fevereiro 2010

Ron Paul Tantrum

Talvez Goldman tenha pego pesado com Ron, mas acertou em cheio no trecho:

The vote bespeaks an hysterical nostalgia for simpler and easier times (that never existed in any case). Make big government go away, make the world go away, keep money sound, and leave everyone to their own devices, and all magically will be well.

"A nostalgia de uma época mais fácil e mais simples que nunca existiu". Bingo! Isso, na verdade, é o que mais me impressiona na abordagem que muitos liberais/libertários fazem dos problemas do mundo moderno. E o que me causa tédio ao ler qualquer coisa de cunho liberal, principalmente no Brasil, com as exceções honrosas de sempre.

Faça o seguinte exercício

Chegue para uma população pobre, miserável e semi-analfabeta, que depende totalmente dos ridículos serviços públicos e diga:

"Se eu for eleito, acabarei com esse negócio de o governo dar escola, saúde e segurança. Mas fiquem, tranqüilos: vocês poderão contratar esses serviços, a preços baixos camaradas, das empresas privadas que vão fornecê-los sem nenhum controle governamental. Ah, e nada de salário mínimo também!"

Depois aguarde - confortavelmente sentado - pela aclamação popular...

Bah!

Partido Libertário no Brasil é como Partido Comunista nos EUA: só serve pra masturbação ideológica.

24 fevereiro 2010

Nos detalhes

O Brasil pode ser um país pobre por vários motivos - muitos deles já levantados por qualquer um dos blogs aí do lado. Mas a baixa qualidade de vida, no dia-a-dia, devemos também a um traço marcante da nossa cultura: a tendência a fazer as coisas meia-boca (ou nas coxas ou, como dizem os gringos, half-assed jobs). Tomem como exemplo qualquer parque ou outro logradouro público e notem como, apesar de existir gente contratada para a sua manutenção, as coisas geralmente são feitas com pouco ou nenhum capricho. Aliás, capricho aqui é a palavra-chave. Mais desleixado que o brasileiro eu só vi na minha vida os haitianos do aeroporto de Miami (eu passei por lá uma boa quantidade de vezes para estabelecer um padrão razoável de comportamento). Se o resto da população haitiana é assim, muita coisa se explica.

No outro extremo, a Suíça, um país que eu tive a oportunidade de visitar uma quantidade de vezes suficiente para estabelecer um padrão razoável de comportamento dos suíços. Me aproveitando do SwissPass, andei por um punhado de cidades suíças e em todas, repito: todas, não importando o porte, o que se via era um capricho fora do comum, principalmente nos parques, praças públicos. Por favor, não confundam capricho com luxo. Não eram bancos de mármore com pés de ouro. Isso é típico de países ricos como o nosso. Falo de bancos simples, de madeira, mas pintados e bom estado de conservação. Falo de canteiros com flores baratinhas mas sem um matagal para escondê-las. Um dos prazeres das viagens de trem era certamente observar a impecável manutenção das cidades, principalmente das menores. E ver que é possível criar um ambiente agradável para se viver com pouco dinheiro, bom gosto e muito capricho.

23 fevereiro 2010

Facebook

Tinha dito há algum tempo que eu feicibucava, não tuitava nem orkutava. Acabei cedendo ao Facebook - o que me rendeu uma zoada do Igor, mas tudo bem. A coisa tem lá suas vantagens, mas é impossível não pensar nas palavras de Thoreau quando da invenção do telégrafo:

We are in great haste to construct a magnetic telegraph from Maine to Texas; but Maine and Texas, it may be, have nothing important to communicate.

21 fevereiro 2010

Implacável

Certas profecias não falham.

Primeiro passo dado

Aparentemente, alguns dos nossos liberais finalmente perceberam que, do jeito que a coisa estava, não se chegaria a lugar nenhum - bem, no máximo alguns conseguiriam uns caraminguás com livros descartáveis e palestras idem.

Resta agora ver o que será feito com essa descoberta.

20 fevereiro 2010

Apple's hype

Duas palavrinhas sobre o hype em torno da Apple e dos Macs: dissonância cognitiva (d.c.). Sabe quando alguém vai a um restaurante chique e elogia a comida, mesmo ela estando uma porcaria? Isso é dissonância cognitiva. Óbvio que todas as linhas de computadores têm seus pontos fracos e fortes, mas apenas o fanáticos acreditam que adquiriram the ultimate machine, não importa quantos comparativos disponíveis na web provem o contrário (Google it, dude!).

Nossa mente prega peças engraçadas na gente o tempo todo. Quando fazemos algum esforço para adquirir algo, tendemos a dar mais valor a ele. Isso porque nossa mente é programada para fazer com que mantenhamos um bom conceito a nosso respeito. Somos potenciais vítimas da d.c. o tempo todo e isso não é privilégio de A ou B e nem está relacionado apenas à arena dos computadores pessoais:

The engine that drives self-justification, the energy that produces the need to justify our actions and decisions - especially the wrong ones - is an unpleasant feeling that Festinger called “cognitive dissonance.” Cognitive dissonance is a state of tension that occurs whenever a person holds two cognitions (ideas, attitudes, beliefs, opinions) that are psychologically inconsistent, such as “Smoking is a dumb thing to do because it could kill me” and “I smoke two packs a day.” Dissonance produces mental discomfort, ranging from minor pangs to deep anguish; people don’t rest easy until the find a way to reduce it. In this example, the most direct way for a smoker to reduce dissonance is by quitting. But if she has tried to quit and failed, now she must reduce dissonance by convincing herself that smoking isn’t really so harmful, or that smoking is worth the risk because it helps her relax or prevents her from gaining weight (and after all, obesity is a health risk, too), and so on. Most smokers manage to reduce dissonance in many such ingenious, if self-deluding, ways.

Não vou entrar nas tecnicalidades, mas pense nos seguintes termos: a diferença de preço entre um Mac e um PC é mais fruto da diferença de qualidade entre os dois ou do fato de a Apple ter o monopólio sobre a plataforma? A Apple inteligentemente situou sua marca num segmento de mercado voltado para pessoas com mediano conhecimento (o suficiente para usar bem um computador mas não o bastante para saber o que se passa) de computadores e que procuram se destacar da manada:

If it does maybe a 12 step program of some sort is in order, but that's okay! I can honestly say I love my Macs.... I find a bond with other Mac users... we're a tightnit bunch, it almost ensures a mutual respect, how many PC people have you ever met that talk about their platform or hardware like that? I've not run across many. If you want to join a little fraternity or family of other users.... you'll find this only with Mac.

Conforme mostrado vários em vários reviews, sim, você pode até estar comprando um computador mais apropriado às suas necessidades quando adquire um Apple, mas a diferença entre o que você pagaria por um PC não reside no fato do produto ser, todo ele, superior ao PC, mas apenas porque uma única empresa tem o poder de determinar o preço das máquinas. E pessoas dispostas a pagá-lo.

19 fevereiro 2010

Previsões

Diria que, se Dilma for derrotada como tudo indica, os inúmeros braços do petismo espalhados por aí irão aprontar bastante até 2014, para que o grande líder "seja forçado" a sair do seu descanso e venha recolocar a pátria nos trilhos. Já até imagino no palanque:

- Eu tinha prometido à Marisa que não iria mas me meter em política, mas o que
essa patota está fazendo com o trabalho que deixamos para eles em 2010 é uma
sacanagem com o povo brasileiro. Me senti na obrigação de voltar para levar o
Brasil de volta para o caminho do crescimento.

Vambrincá?

Gostei dessa brincadeira de interpretar certos números como eu bem entender. Aqui vai minha manchete pós-Carnaval:

Depois da Lei Seca, mortes e acidentes no Carnaval seguem quebrando recordes.

Update: viu como eles também são brincalhões?

14 fevereiro 2010

The good racism

Quando as palavras perdem seus sentidos que são substituídos por outros motivados pelo politicamente correto, isto gera situações curiosas. Vejamos, por exemplo, o racismo. Racismo, que deveria signifcar o estabelecimento de padrões ou critérios de avaliação baseados na raça, nos dias de hoje significa "ofender negros." Daí, temos que este comentário feito pela atriz Letícia Spiller:

Sou branquela por fora, mas tenho sangue de negro na veia. Não posso ouvir um batuque.

Não apenas passa despercebido como é até visto como um elogio, já que, como é assumido que sambar é um talento valorizado, não há nada de mau em defini-lo como uma característica racial. Se alguém, embalado por esta "lógica," dissesse "sou negro por fora mas branco por dentro. Adoro ler e ouvir música clássica" certamente seria crucificado em praça pública e sacrificado no altar da correção política.

Funny days...

10 fevereiro 2010

Uma nova potência no horizonte

Estados Unidos da América, tremei! (o grifo é meu)

O presidente boliviano Evo Morales aprovou nesta quarta-feira por decreto a criação da "Agência Espacial Boliviana" para melhorar seus sistemas de comunicação, informou o ministro de Obras Públicas e Transporte, Wálter Delgadillo.

Para que o programa espacial comece a funcionar, o Tesouro Geral da Nação designou um orçamento de um milhão de dólares, que permitirá, além disso, realizar a aquisição de um satélite de comunicação, cuja construção foi encomendada à China.

E para não acharem que é sacanagem minha, segue o link.

09 fevereiro 2010

Root cause

O problema do liberalismo no Brasil é que meia de dúzia de três ou quatro lêem a orelha do "Ação Humana," algumas citações do Adam Smith ("Mão invisível... Brilhante!") e um resumo do que escreveu Hayek e pensam "Got it!"

Daí saem a escrever pérolas de fazer corar o português da piada do aquário.

Parei.

O novo leproso

Há um tipo muito comum nas redações e, principalmente, na - digamos assim - blogosfera nacionais (pode haver em outros cantos mas me atenho ao que vejo aqui neste momento): vamos chamá-lo de em-cima-do-muro-mas-não-cai-para-direita-nem-a-pau ou, resumidamente, "O equilibrado." Raramente você verá "O equilibrado" espumando em fóruns como o Social Mundial ou em palanques de políticos esquerdistas, mas tampouco ouvirá algo de sua boquinha criticando o movimento. "O equilibrado" é um esquerdista que não ousa dizer seu nome. Ele sabe que tudo em que a esquerda se meteu no mundo até hoje deu merda, mas ele sente que, no fundo, as boas intenções é que contam. Embora ele nunca critique movimentos, militantes e políticos de esquerda, basta um direitoba abrir o bico para ser chamado de hidrófobo, raivoso, pregador de ódio. Os "equilibrados" mais talentosos escrevem textos engraçados que, resumindo, querem dizer "Olha lá o direitista falando suas asneiras! Ah! Ah! Ah! Não se enxergam mesmo." Para "O equilibrado" a esquerda (que para ele é o centro) é o único mundo possível e a direita, que fique no seu cantinho "desprezando os pobres e zelando pelos bons costumes", mas caladinha.

O direitista é o leproso dos nossos tempos.

04 fevereiro 2010

Boo Hoo

Já falei, aqui ou em alguma caixa de comentários por aí, que muitas vezes tenho a impressão de liberal/libetário no Brasil parece molequinho que não quer dividir a bola com ninguém.

Q.E .D.

Vejo essas coisas e me dá uma vontade de votar no PT!