Se o período negro do nazismo ou do comunismo tivesse ocorrido nos dias de hoje, haveria uma grande chance de um dos dois obter sucesso em sua empreitada. O homem moderno, por ter a seu dispor uma enorme quantidade de informação, acha que sabe de tudo. Assim sendo, pela sua lógica, o que ele ignora não existe. Certamente leríamos posts em blogs modernosos fazendo troça de eventuais denúncias com a soberba que lhes é característica:
- Ora bolas, se realmente Hitler estivesse dizimando judeus, você não acha que isso estaria nas primeiras páginas dos nossos jornais e seria pauta de todos os programas jornalísticos? Faça-me o favor!
Ou
- Gulag? Gulag? Alguém leva isso a sério? Não vejo nenhum intelectual sério debatendo este assunto, nada. Parem de ver monstros embaixo da cama!
Isso quer dizer que devemos levar a sério toda e qualquer teoria mirabolante?
Claro que não.
Apenas que algo não deve ser descartado apenas porque é aterrorizante demais para ser verdade. Se contarmos a um dinamarquês que em plena zona sul do Rio de Janeiro, traficantes esquertejam desafetos e deixam cabeças em latas de lixo de shopping centers, ele certamente achará que estamos inventando. Mas não é porque essa barbaridade está fora de seu alcance que ela deixa de ser real.
Negar a existência de certas coisas pode até nos dar a sensação de que temos pleno controle sobre nossas vidas. É temporariamente reconfortante pensar que é um absurdo que nossas vidas estejam nas mãos de sindicalistas ou de invasores de terras semi-analfabetos. Afinal, somos cultos, eruditos e lemos vários livros por ano, mais que essa "gentinha" lerá em toda a sua vida simplória.
Cedo ou tarde a conta chega.