06 junho 2010

Mais perdida que cego em tiroteio

Movido por uma curiosidade mórbida, fui assistir a este programa sobre mercado de trabalho. Não fui esperando muito, já que não nutro muito apreço pela apresentadora, mas confesso que a sua "falta de noção" não deixa de me surpreender.

A coisa mais marcante neste programa for ver gente de 35 anos ser chamada de jovem!

Outro ponto interessante que mostra a complexa visão de mundo da tal senhora apresentadora é quando ela fala que não gostaria que uma das participantes fosse pro exterior porque "o Brasil tinha investido nela," já que ela tinha estudado em universidades públicas. Não há como comentar isso sem usar palavras de baixo calão.

Sempre que vejo especialistas discutindo os mais variados problemas do Brasil, noto como o maior problema, o estrutural, é constantemente ignorado: o Brasil é um país fucked up. Se você parte desta premissa, suas análises serão mais precisas. Por exemplo:

1) Formação: não adianta o cara dizer que fez universidade, mestrado e MBA. Todos sabemos que, de um modo geral, no Brasil estes não passam de redes sociais. MBA, então, pfuuuui! Deveria ser patrocinado pela Skol. Então não adianta o "jovem" ficar chorando, pois todos sabemos "o que você fez no verão passado."

2) Empresas: em geral nossas empresas são ineficazes, pouco competitivas. Aumentar o lucro através do aumento de receita é tão provável quanto a paz no oriente médio. Portanto elas aumentam o lucro do único jeito que sabem: reduzindo custos. E no embalo os salários vão junto. Como a competição é praticamente inexistente, elas podem se dar o lucro de oferecer um serviço merda para seus clientes que tudo fica na boa. Com salários baixos, os bons profissionais não se interessam.

3) Profissionais: pelamordedeus! Um cara começar a trabalhar com 30 anos não dá, né? Nesta fase da vida ele já terá, nas CNTP, bastantes compromissos e necessidades que um salário de iniciante não consegue cobrir. A empresa quando recebe um currículo de um zé mané desses, descarta. Ela sabe que é aporrinhação pra mais tarde.

4) Apagão de mão-de-obra qualificada... de cu é rola. É como querer comprar um carro de luxo pagando no máximo 1000 reais. Vai esperar sentado, lógico. Ou comprar gato por lebre. Desloca o salário para o ponto de equilíbrio entre oferta e demanda e você verá os profissionais qualificados aparecerem. Raise and they will come.

5) RH: é o câncer de toda empresa.