30 novembro 2009

Tédio

A falta de saco com as bobagens vindas da esquerda, do centro e da nossa caricata direita é demais. Não há mais o que zoar quando o ridículo vira norma e, neste quesito, o Brasil passou de todos os limites. Deixo aqui um texto do sempre ótimo - mesmo quando eu discordo dele - JP Coutinho sobre a questão dos minaretes na Suíça. O último parágrafo vale o "ingresso" e reproduzo aqui:

Mas existe um segundo pormenor que importa relembrar. Disse no início que a Suíça legou ao mundo relógios e Rousseau. Deixando de parte os relógios, fiquemos com Rousseau. Sobretudo com a sua particular concepção de "democracia direta" (e referendária) que constitui uma das vacas sagradas da esquerda clássica. Se os estados justos são aqueles onde prevalece a "vontade geral", não se percebe por que motivo a "vontade geral" dos suíços horroriza assim tanto os seus herdeiros.

Para quem sempre divinizou a soberania popular, criticar os suíços é coisa de reacionário.

Parece que são os países minúsculos que ficaram com a responsabilidade de "desotariar" o resto do mundo.

25 novembro 2009

Panfleto

Sabe aqueles panfletos que jovens distribuem nos sinais de trânsito, divulgando empreendimentos imobiliários?

Mais uma modalidade: panfleto travestido de notícia.

O pior é que os fatos ali descritos nem verdadeiros são. Quem passa pelo bairro, como eu passo eventualmente, sabe que a verdade é outra, muito diferente.

Uma matéria claramente paga e, pior!, mentirosa. Quão baixo podem descer esses jornais para faturar uns trocados?

10 novembro 2009

Constatação

Não há sentimento de esperança de dias melhores que alguns minutos de convivência com cariocas não consigam aniquilar...

08 novembro 2009

Impressões

Às vezes tenho a impressão de que muita gente vai da adolescência direto para a senilidade, sem passar pela fase adulta.

07 novembro 2009

06 novembro 2009

03 novembro 2009

Vilarejo

Tem certas horas em que ser carioca é motivo de constrangimento. Mais uma vez fica evidente que o Rio é um vilarejo caipira onde qualquer atração "de fora", não importa quão irrelevante seja, é recebida pelo chefe local com a famigerada chave da cidade.

02 novembro 2009

Entrevista

Uma interessante entrevista com o analísta político Charles Krauthammer na Der Spiegel.

Ele só não poderia ter deixado essa passar:

SPIEGEL: Part of the problem when it comes to health care is the lack of solidarity in the American way of thinking. Can a president change a country?

Os americanos aparecem no topo da maioria (senão todos) dos rankings de doação, seja em volume total seja per capta. Obviamente o entrevistador é daqueles que acham que fora do Estado não nada mais a ser feito.

Achei um site com dados estatísticos e podemos ver a diferença entre os percetuais de EUA e Alemanha, no que diz respeito a caridade:

Members of voluntary organisations > Charity (most recent) by country:

Showing latest available data. Rank Countries Amount

Australia: 18%
United States: 15%
Netherlands: 9%
Ireland: 7%
Norway: 7%
Canada: 6%
Belgium: 6%
Germany: 5%
Finland: 5%
United Kingdom: 5%
Sweden: 5%
France: 5%
Austria: 3%
Italy: 3%
Switzerland: 3%
Denmark: 2%
Japan: 2%

Weighted average: 6.2%

Globalização

No seu blog, o Adolfo Sachsida fez o seguinte comentário a respeito da globalização:


Por que o aumento das trocas com o resto do mundo levaria um país a ficar mais pobre? Na verdade é o contrário, o aumento das trocas aumenta a produtividade, e consequentemente, a riqueza de um país.

Alguns pontos:

A globalização, creio, é um fenômeno muito mais amplo e que causa sim alguns efeitos colaterais negativos para alguns grupos, entre eles trabalhadores e consumidores. Com o advento da globalização, uma empresa hoje pode ter o que chamamos de presença global, focalizando a atuação onde o custo de operação é menor e o retorno maior. Logo de cara, a conseqüência imediata é a queda da renda dos trabalhadores dos países de primeiro mundo e até mesmo o desemprego (por isso não entendo por que os países de terceiro mundo reclamam da globalização quando eles são os mais favorecidos por ela).

Há conseqüências que são mais sutis e que não são propriamente culpa da globablização: nas empresas com presença em bolsas de valores, os acionistas focalizam apenas no valor da suas ações (o que não poderia ser diferente) e a pressão contínua por maiores lucros acaba forçando uma redução constante do custo de operação. Em muitas áreas isso pode ser alcançado via automação sem comprometer a qualidade final do produto, mas em áreas onde a formação humana é um fator primordial (por exemplo, serviços) isso simplesmente não é possível (para fazer com que isso pareça possível, muitos gurus lançam teorias mirabolantes de gerenciamento que só fazem enriquecer eles próprios).

Temos então a transferência de operação para países onde a mão de obra é mais barata e não necessariamente igualmente competente. O resultado é a queda da qualidade dos serviços fornecidos pelas empresas (trabalho numa multinacional de presença global e vivo esse fenômeno dia após dia). "Ah, mas esse tipo de coisa o mercado resolve!" Concordo, mas não a curto ou médio prazo e - arriscaria dizer - nem sempre. Em mercados de massa e onde a entrada de novos players é difícil (ou impossível por questões regulatórias) a coisa acaba estourando no colo do consumidor. Qual foi a última vez que você ligou para um call center e falou de cara com um ser humano? Veja bem: eu sei que se uma empresa quer diminuir seus custos penalizando seus consumidores, ela perderá clientes para a concorrente. Só que a concorrente também sofre o mesmo tipo de pressão por redução de custos e tomou medidas semelhantes, deixando o cliente sem opção. Sim, eu sei que se o cliente ainda assim continua contratando o serviço de uma delas é porque no final das contas o saldo ainda lhe é interessante. A questão aqui é que o ponto de equilíbrio foi num patamar baixo de qualidade na prestação do serviço. Eu sei que nada há a fazer sobre isso - e que eu provavelmente faria o mesmo se fosse CEO de alguma dessas empresas - apenas estou reconhecendo que no final houve uma piora na qualidade do serviço oferecido. Ao contrário da indústria de bens materiais, onde é possível obter o mesmo produto por um custo mais baixo, na área de serviços isso quase sempre não é o caso.

Empiricamente, na minha área de atuação, serviços de tecnologia de informação, o que eu observei em mais de vinte anos de trabalho é que a globalização não aumenta a produtividade necessariamente. Certamente ela reduz os custos de operação, mas a busca por margens de lucro crescentes faz, quase sempre, com que a qualidade dos serviços prestados fique em patamares extremamente baixos.

Reitero: não estou fazendo um julgamento de valor da globalização e nem alegando que ela é um mal absoluto (pelo contrário, para mim, cidadão de um país de terceiro mundo, eu quero é mais!). Mas há que se reconhecer os impactos negativos que a globalização causa, principalmente nos países mais desenvolvidos, para que possamos enteder a reação destes a este fenômeno.

01 novembro 2009

Brincando com números

Um dos motivos pelos quais discutir na internet é ridículo e improdutivo é que, em determinado momento, começam as brigas com números. Fulano despeja estatísticas de um lado, Beltrano responde com mais números até a coisa descambar, invariavelmente, para um aberto bate-boca, incentivado pelo anonimato dos envolvidos (as pessoas ficam muito corajosas na Web).

Qualquer um está careca (bem, eu estou) de saber que números podem ser espremidos para provar um ponto. Vejamos esta reportagem:

O Rio de Janeiro, apesar de ter conseguido, com as operações da Lei Seca, reduzir em mais de 20% a quantidade de vítimas de acidentes nos últimos meses, não freou a mortalidade no trânsito de pessoas entre 15 e 29 anos. O número subiu 26% entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2008, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde. Os perigos enfrentados pela juventude são o tema de uma série de reportagens que O GLOBO começa a publicar neste domingo.

Uma pessoa desonesta poderia afirmar que a Lei Seca causou um aumento da mortalidade de jovens no trânsito, usando a estatística para manipular as cosias e fazer as pessoas comprarem gato por lebre. Basta ignorar todos os demais fatores e se ater apenas àquilo que se deseja atacar ou defender.

Muro

Sei não, mas parece que o G1 vai tentar a façanha de fazer uma série de reportagens sobre a queda do muro de Berlim sem mencionar o nome "Ronald Reagan" uma única vez. :-)

Questões relevantes

Uma entidade alienígena chega ao planeta Terra e prova ser a responsável pela criação do nosso sistema solar. Ela concede a um país, e apenas um, o direito de ter uma pergunta respondida sobre qualquer assunto. Após o sorteio, o país escolhido foi o Brasil. Uma comissão de notáveis de diversas áreas é reunida para elaborar a questão que será feita ao alienígena. Após um período de deliberação, os notáveis fizeram a crucial pergunta, escolhida quase que por unanimidade:

- Você gosta de música brasileira?