O problema está numa geração que nasceu e cresceu à sombra do Estado de Bem Estar Social, essa herança da Grande Depressão que o fim da Segunda Guerra tornou praticamente universal. Um Estado que vela pelos seus cidadãos do berço até à cova e que, precisamente por isso, os infantiliza durante uma vida inteira.
Quando vejo os pequenos selvagens da Grécia, é impossível não perceber o drama central desses meninos: habituados ao conforto e à segurança de um Estado que os trata como menores, eles continuam a esperar da entidade paternal o manto protetor das suas existências: no ensino, na saúde, no trabalho, na habitação, no consumo, na educação dos filhos e até, quem sabe, no fabrico deles. Inevitável: educados na dependência, eles não se distinguem dos mais básicos dependentes.
Infelizmente para eles, para a Grécia e para a Europa, o pai dá sinais de falência e os filhos terão que procurar a sopa noutras panelas. A violência de Atenas, que a prazo se espalhará pelas restantes cidades do continente, faz parte do processo. Crescer dói.
Sobre a tentativa de acertar Jorgibuxi:
(...) graças à ocupação promovida por Bush, o jornalista iraquiano não irá para a forca. A segunda, e bem mais pragmática, é que esta sapatada não não vai impedir a redemocratização do Iraque. Porque, a despeito de toda a inegável tragédia da guerra, esta sapatada carece de uma unanimidade que possa lhe conferir alguma força. Ao contrário daquele discurso de 14 de setembro de 2001, esta sapatada não tem o poder de aglutinar uma nação - seja ela os EUA ou o Iraque - em torno de uma causa.