Sobre o post anterior, não creio que o brasileiro seja intrinsecamente um feladaputa. Situações de calamidade e tragédias já mostraram que diante da dor e do sofrimento alheios, o brasileiro, em geral, é capaz de demonstrar solidariedade e compaixão. O grande problema é que, quando colocado diante das muitas escolhas morais que surgem no nosso dia-a-dia, o brasileiro parece não ter a coragem de fazer o que é certo, temendo passar por otário. Ele aparentemente não vê o ato de agir corretamente como um compromisso consigo, mas algo que deve vir de fora. Não é raro ver pessoas agindo corretamente e diante de uma bandalha, reagirem com indignação: "- Olha só: ninguém faz nada!"
A impressão é a de que o único motivo que alguém pode ter para não agir errado é o medo da punição da autoridade competente. Só que nenhuma autoridade é onipresente, sendo ela eficiente apenas punindo os comportamentos "fora da curva." Daí, sempre que "não tem ninguém olhando," ou um agente de coerção, o brasileiro joga papel no chão e pinta e borda como de costume.
Falando em papel no chão, é curioso o exemplo do Metro carioca: ele é (ou era, faz muito tempo que não o utilizo) um oásis de limpeza nesta lixeira que é a Cidade Maravilhosa. Talvez pela imposição dos agentes nas estações (que são monitoradas por câmeras) ou sei lá o quê, o fato é que o mesmo porcalhão que mantém limpíssimas as estações de metrô, emporcalha as ruas sem dó nem piedade.
Essa característica peculiar molda o comportamento do brasileiro quando ele viaja para o tal "primeiro mundo." Como ele vê ao seu redor as pessoas se comportando como seres civilizados, a sua conclusão lógica (com base nas suas premissas) é: "-Aqui as autoridades vigiam todos como têm que ser feito. Viu como tudo funciona?" A grande maioria volta achando que é isso mesmo e constata aos amigos "Lá não pode 'mijar fora do penico' não, malandro! Não é como aqui..."
Se o brasileiro fosse um personagem de filme, seria aquele molecote bobão e meio crédulo que, na ânsia de entrar pro time dos descolados, acaba metendo os pés pelas mãos e fazendo uma merda atrás da outra.
Respondendo à pergunta título do post, eu diria que a merda que se tornou o Brasil é menos culpa de uma safadeza intrínseca dos brasileiros que do medo destes de passar por otários.