Associação que briga pelos direitos dos anões declara guerra contra as brincadeiras de mau gosto
Impossível ler alguns trechos da reportagem sem esboçar um leve sorriso. Ou mesmo soltar uma boa gargalhada:
- É muito chato. Na rua, quando uma criança me aponta e ri, vejo que os pais sorriem. É omissão. Quando me perguntam "Cadê a Branca de Neve" é horrível. Vivemos isso a vida inteira.
(...)
- Anão tem um problema sério para se assumir como anão. Sair do armário é difícil. Na Anaerj, não. A gente se ama, se beija, se abraça, faz festa à fantasia, junina, jogo de futebol. Somos um grupo sem-vergonha.
(...)
Ela diz que os anões estão na moda. Os mais badalados eventos da cidade sempre contam com um anão, seja como dançarino ou até segurança. Mas o buraco é, sem trocadilhos, bem mais embaixo. O efeito, que se pretende cômico, pode atingir a auto-estima dos anões e até constranger os debochados.
Sair do armário?
Deixem-me imaginar o diálogo de um anão que acaba de sair do armário com seus pais ultra-conservadores:
Anão: Papai, mamãe, tenho algo para dizer a vocês...
Pai: O que é, meu filho?
Mãe: Sim, querido. Pode se abrir com a gente.
Anão: É que eu... Eu... Eu sou anão! Pronto! Falei!
Pai: O queeeeê? Mas como?
Anão: Não sei como, pai. Mas é o que eu sou e tenho orgulho disso!
Mãe: Ai, meu Deus! A culpa é toda minha! Eu mimei demais esse menino!
Pai: Eu deveria ter forçado você a jogar basquete ou volei... Falhei como pai!
Mãe: O que os outros vão dizer?
Pai: Melhor você procurar outro lugar para morar...
Anão: Mas pai, mãe... Ainda sou eu. Seu filho.
Pai: Nós não temos mais filho.