30 julho 2011

Tablets - continuação

Dez motivos para não dar um tablet (a matéria fala sobre iPad mas eu acho que a maioria dos pontos vale para todos os tables) para seu filho usar na escola.

A razão número dois, "It's Not the Best Solution for Note-Taking or Editing Documents", é a que faz o produto ter pouca utilidade para mim. Se fossem mais baratos, talvez valesse a pena pra mim. Mas botando na ponta do lápis, a configuração com melhor relação custo benefício pra mim foi: Netbook Acer (USD180) + Kindle 6" USD140), total USD320,00, mais barato que a maioria (senão todos) os tablets do mercado.

29 julho 2011

ETs

Seres extraterrestres, em busca de vida inteligente, se aproximaram de um tal planetinha azul e, após sintonizarem na Globonews, decidiram:

- Tem nada aqui não. Vamos em frente.

26 julho 2011

Provocaçãozinha

Engraçado como a esquerda que afirma que a proibição do porte LEGAL de armas, se vier a salvar uma única vida já valeria a pena, é mesma que diz que o combate ao tráfico de drogas é ineficiente e não deve ser mantido. Ué, não seria o caso de dizer que, se a guerra ao tráfico livrar do vício uma única pessoa que seja, então o esforço já terá valido a pena?

(Por que não uso) Tablet

Após muito quebrar a cabeça tentando entender por que eu não vejo a menor graça em tablets, acho que finalmente cheguei a uma causa provável: a natureza da minha interação com o computador. Sem nenhum julgamento de valor, o tablet (e smartphones) não foi feito para que o usuário tenha uma interação ativa com ele. Ou seja, o típico usuário de tablet não é aquele que digita muita coisa, requerendo para isso um teclado minimamente decente. O típico usuário de tablet usa o dispositivo para jogar, ver vídeos, ouvir música,  e navegar na Web de forma mais passiva, ficando a interação através de digitação limitada a um repertório reduzido de LOLs, ROFLs, BRBs, KKKKs e textos menores como atualizações de status no Facebook ou twitadas.

De qualquer forma, este foi meu primeiro insight. Continuarei com a reflexão...

Política de drogas na Holanda

Com a morte da atormentada Amy, o debate sobre as drogas ganou mais combustível. Muitos acreditam que o Brasil deveria liberalizar o comércio de drogas e que assim o tráfico acabaria, maomeno, diriam, como aconteceu na Holanda. Mas peraí, será que isso procede?

Achei um paper interessante sobre a política de drogas na Holanda.

Para os que acreditam que "deu certo lá, vai dar certo aqui," o paper logo se apressa em avisar:

In order to understand Dutch drug policy, one first needs to know something about the Netherlands itself. After all, a drug policy needs to be in keeping with the characteristics and culture of the country that produces it. The Netherlands is one of the most densely populated countries in the world. A population of around 16 million lives in an area a quarter the size of Vancouver Island. Trade and transport have traditionally been key industries in our country, and the Netherlands is universally regarded as the "gateway to Europe". The Dutch have a strong belief in individual freedom and in the division between "church" (in other words, morality) and state. We believe in pragmatism. At the same time, the Netherlands is characterised by a strong sense of responsibility for collective welfare. It has an extremely extensive system of social facilities and health care and education systems that are available to all. The Netherlands has long been a country of great political diversity, and its present government is made up of liberals, social liberals and social democrats. Our administrative system is decentralised to the local authorities to a large extent (particularly where drug policy is concerned).


Para os que acham que a Holanda é um paraíso de venda e consumo de drogas, o paper deixa claro:

Many people think that drugs are legally available in the Netherlands, and that we make no effort to combat the supply side of the drug market. Nothing could be further from the truth. There is continual, intensive co-operation between the addict care system, the judicial authorities and the public administrators. With the exception of small-scale cannabis dealing in coffeeshops, tackling all other forms of drug dealing and production has high priority. The police and customs officials regularly seize large hauls of drugs and collaborate closely with other countries in the fight against organised crime. Last year, about 40.000 kg of cannabis and about 660.000 marihuana plants have been seized; 1372 nursery gardens have been dismantled; 5,5 million tablets of XTC have been seized. I refer to the separate fact sheet on Justice-data that will be presented today. The punishability of drug-related offences is comparable with that in many other countries, and the extent to which we enforce our drug laws is also closely comparable with that in our neighbour countries. The Netherlands has one of the largest prison capacities in Europe, and 17 % of the cells are occupied by violators of our drug laws. It has been estimated that between 25 and 44% of the prison population consists of drug addicts or drugusers.


Vale a pena ler todo paper. Ele trata também dos resultados da políticas e dos constantes desafios que eles enfrentam.

24 julho 2011

Rio

Com algum atraso assisti à animação Rio ontem. Achei fraca a hístória (a ponto de não recordar hoje o nome da arara protagonista!) para adultos, mas o público infantil talvez goste das cores e dos personagens que a toda hora caem e se trombam. Aliás, o filme todo parece uma versão estendida do desenho do Scrat. Após algum tempo fica chato.

(Não vou entrar nos detalhes dos excessivos esterótipos usados; acho que faz parte do pacote...)

No final das contas, não sei se intencionalmente ou se foi um ato falho, o que salvou todos os pássaros foi a coragem e a engenhosidade da arara Blu, adquirida na civilização. Para variar, a manemolência dos pássaros locais não lhes serviu de nada a não ser distração. Se não fosse o gringo Blu, todos morreriam sambando e alegres...

Voltar pra casa?

Comentei com minha esposa, vendo o comportamento destrutivo do carioca (podemos extrapolar isso para outras cidades do Brasil, mas só posso falar do que vejo no Rio) em relação a tal coisa pública, que a impressão que fica é a de que o carioca ainda pensa que há uma Metróple para onde retornar após o acúmulo de riquezas no Brasil.
Mas assusta mesmo é ver que gente infinitamente mais gabaritada já havia percebido isso... Há muito tempo atrás!

Como quebrar esse ciclo?

22 julho 2011

Aguardemos os especialistas

Durante a semana que passou ouvimos as várias cabeças pensantes bananenses (oxímoro, eu sei) dizendo que a posição dos Republicanos sobre o teto da dívida era meramente ideológica. Agora vamos aguardar as mesmas cabeças pensantes bananenses (eu sei, eu sei) se pronunciarem sobre o veto do Senado, de maioria Democrata, ao plano de ajuste fiscal proposto pelos Republicanos.

Provavelmente o veto foi resultado do equilíbrio e bom senso típicos dos Democratas. :-)

Framework para análise política bananense

Nossa imprensa parece que nunca vai deixar os centros acadêmicos, amadurecer e cair no mundo real.

Chega a ser cansativo, pois, não importa o jornal ou canal de TV, o método de análise de qualquer evento, principalmente político, é o mesmo:

1. Escolher o lado bom e o lado mau.
2. Uma vez feita a escolha, (a) condenar todas as ações do "lado mau," não importando se elas são positivas e (b) elogiar todas as ações do "lado bom," não importando se elas são negativas.
3. Enfatize (ou invente) que e as posições defendidas pelo "lado bom" representam o centro, o equilíbrio, a visão racional.
4. Ao mesmo tempo, enfatize (ou invente) que as posições defendidas pelo "lado mau" representam o extremismo, o radicalismo, o fanatismo cego.
5. Esqueça todas as conseqüências negativas de ações do "lado bom." Se possível as atribua ao "lado mau."
6. Atribua ao "lado bom" todos os resultados positivos de ações do do "lado mau," mesmo que o "lado bom" tenha feito de tudo para que o "lado mau" não conseguisse realizá-las.

20 julho 2011

A vida imita a piada

Lembram-se das tiradas cômicas que surigram assim que o racismo ficou tipificado como crime inafiançável e imprescritível? Piadinhas como "se você não gostar de um negro, mata ele mas não chama de crioulo." Pois é, a piada era quase um reductio ad absurdum para evidenciar o ridículo de um sistema penal que deixa solto um assassino mas pune severamente alguém que ofenda verbalmente um membro de um grupo politicamente protegido.

Pois bem, o absurdum chegou. Todos estamos acompanhando a dimensão que tomou o caso do pai e do filho espancados porque teriam sido confundidos com um casal gay (vamos fazer de conta que a indignação seria a mesma se as circustâncias fossem outras). A polícia prendeu um dos suspeitos que confessou a participação no espancamento mas tratou de avisar... Wait for it... QUE NÃO OFENDEU A VÍTIMA!

Duvida? Veja o vídeo com a reportagem (no finalzinho).

Aaaah bom... Então tá liberado.

17 julho 2011

Um pouco de contexto, por favor?

Nos últimos dias, o debate da política americana tem sido em torno do aumento do teto de débito do governo. O executivo está forçando um aumento do teto enquanto a oposição - leia-se Republicanos - faz pressão pela manutenção. Os Democratas choram, dizendo que a postura dos Republicanos meramente ideológica e irresponsável. Por aqui, nossos "especialistas", claro!, seguem a gritaria Democrata.

Mas contexto é tudo.

Vamos dar uma olhada na proposta de aumento do teto de débito, feita pelo executivo em 2006:

Puxa, nenhum... Repito: nenhum Democrata votou a favor do aumento do teto do gasto público!

Mas todos sabemos que Democratas sempre votam por bons motivos, nunca ideologicamente. Então se eles votaram contra naquela época é porque critérios meramente ténicos indicavam ser a melhor coisa para o povo americano. Se eles estão querendo aumentar o teto agora, também é meramente porque critérios técnicos apontam ser isto o melhor para o povo americano. Em ambos os casos os Republicanos foram apenas malvados, malvados, malvados.

16 julho 2011

Liberdade de expressão?

Todo mundo lembra dos belíssimos discursos dos ministros do STF quando debatiam a tal marcha da maconha, não?

"A Constituição assegura a todos o direito de livremente externar suas posições, ainda que em franca oposição à vontade de grupos majoritários”. (Celso de Mello)

"A liberdade de expressão, enquanto direto fundamental, tem caráter de pretensão que o Estado não exerça censura." (Luiz Fux)

Pois é... Como eu disse, tudo balela de selvagem brincando de civilização ("Uga! Mim juiz! Tu deputado! Uga!"). Bastou alguém falar o que não devia e a justiça tratou de mandar a tal liberdade de expressão pro ralo:

CAMPO GRANDE - A Justiça Federal de Dourados, no Mato Grosso do Sul, condenou o advogado e articulista Isaac Duarte de Barros Júnior, do jornal O Progresso, de Dourados, a dois anos de reclusão, no processo em que foi acusado de preconceito racial contra os indígenas. A ação foi proposta pelo procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida no início de fevereiro de 2009, depois de receber denúncias dos índios de que em artigo publicado no dia 27 de dezembro de 2008 sob o título "Índios e o retrocesso...", o autor disparava frases pejorativas e ofensivas à população indígena.

09 julho 2011

Amaldiçoado

Ter memória e gozar de mediana capacidade cognitiva neste país é como ser vítima da maldição de alguma bruxa má: você lê uma notícia como esta, olha ao redor e não vê ninguém achando estranho nem questionando por que na época do FHC este tipo de coisa (privatização) era considerado "entreguismo," enquanto agora é tratado como exemplo de gestão.

07 julho 2011

Politicamente correto é isso

Eis um belo exemplo para aqueles que acham que ser "politicamente correto" significa ser debochado ou irreverente.

O garoto Sérgio Martins Filho, de 14 anos, desapareceu há alguns dias. Ontem ele foi encontrado e veja como o G1 e O Dia noticiaram o fato:

G1

O Dia

Notaram a diferença?

Não?

Uma dica: procurem na reportagem do G1 por alguma ocorrência da palavra "gay."