04 fevereiro 2012

Drama na TV

Quem é fissurado em TV, principalmente americana, não deve ter deixado de notar que, por incrível que pareça, as séries de comédia lidam de forma muito melhor com ambigüidades do que as séries de drama. São poucos os dramas que conseguem trabalhar com personagens ambíguos, como são os seres humanos normais, com fraquezas, com falhas de caráter.

Nas séries de drama, quando a mocinha fica grávida, ela geralmenete não precisa decidir entre abortar ou não: um acidente ou algum problema na gestação tomará esta decisão por ela. O mocinho não precisa viver com a culpa de ter matado o vilão sanguinário: este será atropelado ou caírá de um prédio durante uma perseguição. É mais comum ver um protagonista agindo de forma pouco ética numa sitcom (Will & Grace, King of Queens, Everybody Loves Raymond, etc). Nos dramas, os personagens são de uma forma geral mais preto no branco.

Isso gera situações inusitadas como ex-agentes de operações especiais, com centenas de mortes no currículo, cheios de pudores na hora de matar um criminoso vil, por exemplo. Em Dexter temos algo que vai contra essa linha mas eu creio que o sucesso da série nem é por isso, mas sim por causa da carnificina. Pornografia dá IBOPE! Até por que Dexter é um psicopata, logo não há dramas morais nas mortes que ele comete.

E a coisa parece intencional. Alguns shows começam bem (Person of Interest, por exemplo) mas lentamente parece que vai havendo algum tipo de ajuste interno e o personagem, de assassino, ex-forças especias, CIA, etc. se torna uma versão aguada do MacGyver.