Circula por aí a foto de uma moça, chamada Laíssa, que, segundo dizem, é catadora de papel e acaba de matricular na USP. O site (sem links para ativistas de esquerda, sorry) que divulga o feito diz:
"Essa é a geração dos jovens inspirados pelo presidente Lula, não tem mais retorno, eles vão ganhar o mundo."
Inspirados no presidente Lula? Como assim? Ele sempre deixou claro que estudo não lhe fez falta alguma. Se a moça fosse inspirada em Lula ela estaria agora ocupando alguma posição no Sindicato dos Catadores de Papel.
Assumindo que tudo é o que está noticiado, a premissa é que não existe o esforço individual de Laíssa, a sua luta, a sua batalha. Ela só chegou lá porque "nós" lhe demos a chance.
Outra premissa escondida é que pobre é imbecil, ignorante, incapaz de, mesmo com esforço, alcançar algum sucesso intelectual.
E mais triste ainda é ver os comentários que transformam Laíssa em um mero pet dessa classe média culpada cheia racistas bonzinhos. "Olha que bonitinha a Laíssa! Chegou lá porque eu sou uma pessoa maravilhosa e lhe dei essa brecha!"
Laíssa não deve nada a ninguém. Ninguém tem direito de sentir orgulho de tal feito, a não ser ela mesma.