28 fevereiro 2009

Lula, o mito

Existe um mito - na minha opinião, claro! - que circula por aí, entre a galera bem pensante, de que a aprovação de Lula se deve à sua genialidade como político, a um certo talento inato para lidar com o povão. Certo, façamos de conta que a opinião pública não depende em nada do que se escreve, do que se publica nos meios de comunicação. Ou, no caso de Lula, do que não se publica. Façamos de conta que não há um suporte - cultural - a Lula que o permite falar qualquer asneira, praticar qualquer ato, sem que sua reputação sofra o menor abalo. Não, não falo de conspiração. As razões para isso podem ser várias, desde o alinhamento ideológico até a boa e velha negação, passando pelo nada singelo fato dele ter a chave do cofre e estar disposto a usá-la generosamente. A Lula se permite dizer que a "Venezuela tem excesso de democracia", a seu governo se permite deportar cubanos e receber terroristas, enfim, a Lula tudo é permitido. Por ora. Um ou outro colunista político escreve aqui e acolá, cheio de dedos às vezes, mas sabemos que uma parcela pequena do povão (e não se iluda, não falo deste povão que você imaginou; falo de gente criada a Danoninho e Farinha Láctea que se educa com Globo e NADA mais) lê colunas ou editoriais. Maior valor tem a charge que sai na capa do jornal, a crônica de algum intelectual, o famoso senso comum. O senso comum hoje, contratado a peso de ouro, é que Lula é um gênio político. Como eu disse aqui mesmo ha algum tempo, quero ver quando (ou SE) ele não tiver mais a chave do cofre para sair gritando, feito um Silvio Santos, "Quem quer dinheirooo?"

27 fevereiro 2009

Not Tupy

Fabio mandou essa que, se dita por algum figurão da intelectualidade, pararia nos livros escolares. Como vem "apenas" de um blogueiro, será imortalizada aqui no meu cafofo mesmo:

O pacifismo é tomado por sabedoria porque é o caminho de menor esforço aos moralmente preguiçosos.

Isso é trote?

Uma lei antitrote só pode ser trote.

26 fevereiro 2009

25 fevereiro 2009

Post de Cinzas

Que mané mulher-Hulk?

Hulk esmaga!

Só deu velha guarda:

Vivi, uma instituição

ci.vi.li.za.ção

Segundo o pai dos burros:

civilização
ci.vi.li.za.ção
sf (civilizar+ção) 1 Estado de adiantamento e cultura social. 2 Ato de civilizar. 3 Sociol Acumulação e aumento de habilidades manuais e de conhecimentos intelectuais e a aplicação deles. 4 Antrop e Arqueol V cultura, acepção 10.

Dada esta definição, alguém acha que há algum choque de ordem que dê jeito nesta aldeia?

23 fevereiro 2009

Ai, eu sou tão moderno

O ser humano normal vê uma notícia dessas:

Marco Ribeiro, o dublador de Sean Penn no Brasil, se recusou a fazer a voz do ator no filme "Milk- A Voz da Igualdade", informa nesta segunda-feira Silas Martí, da Folha de S.Paulo.

(...)

No filme, que rendeu o segundo Oscar na carreira de Penn, o ator interpreta Harvey Milk (1930-1978), ativista gay e primeiro homossexual a ser eleito para um cargo político nos EUA. Veja trailer do filme.

"Não me sentia à vontade para fazer o filme", afirmou Ribeiro, 38, que é também pastor evangélico, à Folha. "Não tive vontade porque tenho a voz envolvida com outras questões, assim como não faço determinados comerciais."

E pensa: Tá, e daí? Ainda ontem eu tinha checado e aqui era um buraco com um certo nível de liberdade. Pouquim mas tem.

Mas o moderno tem que sentir nojinho da atitude do cara. Ainda mais que ela é motivada por religião.

Ugh!

O moderninho teve um mini-vômito.

Pauta do dia

A pauta de jornalistas e blogueiros dos portais dos grandes jornais (que muitas vezes não passam de jornalistas que não escrevem nos jornais impressos, mas apenas na web) é provar para o Brasil que a Suíça é um país terrível que vive da desgraça dos pobrezinhos vítimas de corrupção e traficante de drogas. A lógica, digamos assim, é brilhante: os bancos de vocês recebem grana de políticos corruptos e traficantes, portanto não podem falar nada quando um brasileiro apronta alguma coisa por aí (e nem me refiro mais à advogada). Vamos fazer de conta que não é responsabilidade dos próprios países combater a corrupção e o trafico de drogas, vamos por a culpa do problema em terceiros. Afinal de contas, isso é o que fazemos melhor.

PS: Vale lembrar que recentes descobertas de dinheiro enviado para fora do Brasil como resultado de corrupção aconteceram porque as autoridades suiças é que alertaram o Bananão.

22 fevereiro 2009

Alguém me explica?

Ok, desisto de tentar entender.

Impossível entrar nos portais brazucas (Terra, mais uma vez, se superando) e não dar de cara com as diversas celebridades (algumas, para mim, anônimas mas isso é culpa da minha ignorância) sentindo "uma emoção muito grande" ou com a cobertura emocionante do carnaval de Salvador (sério: quão loser alguém tem que ser para acompanhar isso pela web?). Já entubei este preju, mas uma coisa ainda me intriga:

Que dedinho levantado é esse?

- Olha, levanta o mindim assim que fica um luxo.


Por que toda celebridade modelo-atriz-manequim-neurocirurgiã-astrofísica samba com esse dedinho levantado? Será que foi orientação da professora de samba? Mas não creio que todas tenham a mesma instrutora (será?). Sendo assim, podemos dizer que existe uma corrente acadêmica "dedinho levantado" que as docentes adotam com o intuito de incrementar o charme e a delicadeza de suas alunas?

xe.no.fo.bi.a

Diz o pai dos burros:

xenofobia
xe.no.fo.bi.a
sf (xeno+fobo+ia) Aversão às pessoas e coisas estrangeiras. Antôn: xenofilia

Agora tudo é explicado pela xenofobia.

O proprietário expulsou o inquilino estrangeiro arruaceiro?

Xenófobo!

A polícia acabou com um pagode que já ia pelas 3 das manhã num bairro residencial?

Xenófobo!

O bom e velho protecionismo praticado por todas as entidades de classe?



"No ano passado, 2,5 milhões de americanos perderam o emprego, mas, apesar dos milhões de desempregados, nosso governo continua trazendo 1,5 milhão de trabalhadores estrangeiros por ano para pegar empregos americanos. Será que o seu pode ser o próximo?" Essa propaganda está sendo veiculada nas TVs americanas, bancada pela Coalizão para o Futuro do Trabalhador Americano, entidade que reúne 13 associações de classe com mais de 500 mil membros.

Com o desemprego projetado para ultrapassar os 8% neste ano, organizações protecionistas como a coalizão estão apostando tudo no lobby do "hire American" (contrate americanos) para a aprovação de leis que restrinjam a entrada de trabalhadores estrangeiros legais e apertem o cerco aos ilegais que estão no país.

Na semana passada, esses grupos contra trabalhadores estrangeiros comemoraram uma vitória: o pacote de estímulo aprovado pelo Congresso inclui uma medida que dificulta a contratação de funcionários estrangeiros com visto H-1B (de mão de obra especializada) pelos bancos que estão recebendo recursos do programa de resgate.


Xenófobo!

Será que a palavra pa explicar este caso é mesmo xenofobia? O texto da notícia não deixa perfeitamente claro que trata-se do bom e velho protecionismo? Ou no popular, farinha pouca, meu pirão primeiro. Por que usar uma palavra apenas para evocar emoções?

O curioso é que perde-se, a cada dia, a capacidade de descrever fatos e idéias usando os termos adequados. A coisa está tão feia que, hoje em dia, não dá para saber se o autor do headline é um manipulador ou um incapaz.

Após séculos será que estamos voltando ao estágio de selvageria?

It’s time for another tea party

É o que diz Rick Santelli:

Fairness Doctrine

Uma coisa que passa longe dos nossos noticiários sobre os Isteitis - e que provavelmente será abordada "daquele jeitinho" que já conhecemos quando estourar - é a tentativa dos liberals americanos de reativar a tal Fairness Doctrine, derrubada por Reagan em 1987.

Como já disse aqui - se não disse deveria - esse governo será uma bifurcação para os EUA. Não haverá meio termo: ou eles saem deste governo fortalecidos como uma nação que preza a liberdade e tudo a ela relacionado, ou enveredarão para um poço sem fundo do populismo, da demagogia barata, do socialismo chic e da supressão das vozes dissidentes.

Mas voltando à famigerada...

Várias figurinhas carimbadas Democratas, incluindo o ex-presidente Bill Clinton, estão forçando a barra para resinstaurar a draconiana medida por lá.

Claro que os motivos para isso são os mais nobres:

Companies are given a license to operate public airwaves – free! – in order to make a profit, yes, but also, according to the terms of their FCC license, “to operate in the public interest and to afford reasonable opportunity for the discussion of conflicting views of issues of public importance.” Stations are not operating in the public interest when they offer only conservative talk.

For years, the Fairness Doctrine prevented such abuse by requiring licensed stations to carry a mix of opinion. However, under pressure from conservatives, President Reagan’s FCC cancelled the Fairness Doctrine in 1987, insisting that in a free market stations would automatically offer a balance in programming.

That experiment has failed. There is no free market in talk radio today, only an exclusive, tightly-held, conservative media conspiracy. The few holders of broadcast licenses have made it clear they will not, on their own, serve the general public. Maybe it’s time to bring back the Fairness Doctrine - and bring competition back to talk radio.

Exagerando (espero!), chegará o dia em que os serviços de hospedagem de blogs e congêneres, terão que balancear o conteúdo liberal e conservative. Ou, exagerando ainda mais, cada blog terá que balancear o conteúdo para atender, claro, ao "interesse público".

Certo, errado, racional e irracional

Faz um tempo, o Paulo se surpreendeu com este comentário feito por Tyler Cowen:


But I'm also worried about the incentives we are producing by applying tougher standards. Knocking out the caught cheaters won't make all the DC people honest or virtuous.

Razão em estado bruto: evitar a nomeação de pessoas competentes, mas desonestas, não tornará todos os poiticos honestos e privará a cadeira de ter alguém competente à sua frente.

Interessante a época em que vivemos: aparentemente algumas pessoas nutrem, no dia de hoje, a esperança de que boas coisas surjam naturalmente de decisões puramente racionais. Como disse um ícone do movimento liberal brasileiro, “será que eles não percebem que ser bom é bom?”

Não.

Coisas boas resultam de boas ações (em mesmo assim, nem sempre) e não necessariamente da aplicação da razão pura e simples. Sabem aquele herói do filme que, arriscando a sua missão de salvar o mundo, volta para resgatar a donzela em perigo?

Pois é, por isso ele é o herói do filme.

O racional, aquele que não acredita em certo ou errado, mas apenas na eficiência, deixaria a infeliz se explodir e cumpriria sua missão burocraticamente. E que depois ninguém venha cobrar-lhe alguma coisa, afinal ele fez o que qualquer pessoa racional faria.

Nelson Rodrigues disse uma vez algo como “se a existência da humanidade depender da morte de um único indivíduo, então que a humanidade pereça”.

Racionalmente falando, é uma estupidez a frase acima. Como dixar bilhões morrerem apenas para não matar uma pessoa? O sentido, porém, é claro: não importa quão nobres sejam suas intenções, um assassinato jamais será justificado por elas. Explicado sim, justificado nunca.

A razão nos serve para avaliar os caminhos que temos disponíveis e avaliar as conseqüências de segui-los, mas na hora de agir, o que nos move (ou deveria nos mover) é a distinção entre o certo e o errado, o Bem e o Mal, palavrinhas tão fora de moda nos dias de hoje.

Portanto, a não ser que você seja um psicopata, não saia por aí dizendo que, se fosse salvar a vida de milhões, você mataria uma criança, sem problemas. Na hora H você pode não os cojones necessários para fazê-lo.

Mesmo seja a coisa mais racional a ser feita.

Rapidinhas de carnaval

1) Dizer que a Suíça é xenófoba porque seu mercado de trabalho não é aberto a cidadãos de outros países é o mesmo que dizer que todo o planeta é xenófobo. Aponte-me um país onde qualquer um pode entrar e trabalhar sem a necessidade de vistos ou acordos e eu te direi "esse é um lugar para onde nunca irei!"

2) A maior prova de que algo a mais existe por trás dessa teoria da evolução é todo o bafafá em torno dela. Afinal, ninguém festeja efusivamente a descoberta da lei da gravidade ou coisa parecida.

3) O melhor lugar para pular o Carnaval (no sentido de passar por cima mesmo) é longe do Brasil mas, na falta disso, onde moro [Maracanã] está muito bom. Havia mais batucada nas redondezas ANTES do carnaval do que ontem, quando o silêncio e a tranqüilidade imperaram quase absolutos.

4) Os EUA sobrevierão a Obama?

21 fevereiro 2009

¿Por qué no te callas?

Pára de falar nisso e volta pro Lula que é o melhor que você faz, rapaz!

Este aqui daria um caso de estudo psiquiátrico. O povão é linchador, é fascista, é o diabo.

Só que ele e seus coleguinhas é que julgaram "sumariamente, pela internet, pela TV ou a milhares de quilômetros de distância do fato " todo um povo, tachando-os de nazistas, xenófobos (o que, no caso da Suíça em particular é uma estupidez fora do comum) e tudo mais. Se o fascismo não admite "nem por um segundo a falta de um veredito" e exige que "lhes dê um cupado", então meu caro, pode vestir a crapuça que ela é toda sua.

Sim, é fácil agora culpar a turba que, segundo o evoluído, "não suporta as nuances da vida." Mas foi ele e sua patota que, diante de uma agressão cometida por três marginais, jogou quase sete milhões de pessoas no bucket nazista ou, como ele gosta de dizer, totalitário. Fale-me de nuances da vida agora.

É, meu caro. Se alguém "urrou certezas precoces" - e você ainda continua urrando! - foram vocês, despejando seus lixos editoriais, cheios de ressentimento e ignorância, nos seus cada vez mais irrelevantes meios de comunicação.

¿Por qué no te callas?

18 fevereiro 2009

Saideira

Eu tinha considerado o assunto encerrado, mas um fiel leitor me mandou o link de um livro do Noblat cuja sinopse é quase uma piada involuntária, levando-se em conta os últimos acontecimentos:

Este livro é uma tribuna na qual Ricardo Noblat faz uma defesa empenhada do jornalismo responsável e realmente informativo. A leitura de 'A arte de fazer um jornal diário' é tão importante quanto a dos cadernos de política ou de atualidades, e tão prazerosa quanto a da seção de quadrinhos dos jornais. O livro é uma verdadeira aula para jornalistas, aspirantes a jornalistas e para o público em geral que tem interesse em saber como é um jornal, ou como deveria ser feito.

Então tá bom...

17 fevereiro 2009

Reprise

Os acontecimentos recentes exigem a reprise de uma velha piada que eu adaptei neste post:

Primeiro dia de aula, a fessora chama os alunos para que cada um se apresente e diga o que papai e mamãe fazem:

- Meu nome é Maricota, papai é médico e mamãe e enfermeira.
- Meu nome é Pedro, meu pai é advogado e minha mãe é dona de casa.
- Meu nome é João, minha mãe é prostituta e meu pai transformista.

Diante do constrangimento generalizado a professora resolve encerrar as apresentações imediatamente.

Quando termina a aula, a professora se aproxima preocupada e pergunta a Joãozinho:

- Joãozinho, seus pais fazem mesmo aquelas coisas?
- Não fessora. É que eu fiquei com vergonha de dizer que eles são jornalistas...

A jumentice continua

O homem tá danado...

Terceiro e no mínimo tão importante quanto, a versão era plausível por terem chegado onde chegaram a xenofobia e o neofascismo na Europa de hoje. Dizem os italianos – em cujo país, por sinal, o ódio aos imigrantes o governo de direita de Silvio Berlusconi transformou em leis racistas – que “si non è vero è ben trovato”.

Hmm... Quer dizer que as autoridades da Espanha têm uma certa razão em não permitir a entrada de jovens mulheres brasileiras naquele país? Ora, se é grande a quantidade de brasileiras na Espanha se prostituindo, a autoridade só está agindo de acordo com o senso comum.

Essa aqui é ignorância mesmo:

E a Suiça, com os seus chocolates e os seus queijos, as suas montanhas e as suas vaquinhas malhadas, não é nenhum cartão postal em matéria de preconceito contra os estrangeiros que fazem os “trabalhos de negro” que os nativos acham aquém demais deles.

Uma das coisas que mais chamam a atenção na Suíça é a quantidade de suíços fazendo trabalhos chamados pouco qualificados. Você até encontra um ou outro ilegal mas, em geral, eles preferem países com um sistema de welfare mais generoso. Para contratação legal, a legislação exige que o salário oferecido esteja dentro da faixa de mercado (não sei como eles apuram isso). Ou seja, se tem um lugar onde o trabalhador estrangeiro não vai ser explorado é lá.

Mas o cara acha que não tinha que checar uma agressão seguida de aborto, vai checar dados sobre a Suíça?

16 fevereiro 2009

Veja como são as coisas

Ainda sobre este episódio na Suíça (que calhou de ser no cantão de Zurich que eu tenho visitado regularmente por motivos pessoais e este mulato que vos fala nunca se sentiu tão em casa!), confirmado o problema psicológico da advogada, o pai fez a única coisa que não poderia ter feito: entrou em contato com seu assessor de imprensa, digo Noblat, e mandou ele jogar a merda no ventilador, coisa que o dedicado funcionário fez prontamente, sem nem mesmo dar um tempo para apurar melhor o caso. Resultado: um episódio que era para ter sido resolvido na maciota, preservando a integridade psicológica da menina, toma essa proporção, coisa que certamente não lhe fará muito bem.

Ajudem esta alma

Você que é amigo ou parente do Noblat e se importa com ele, um colega de redação ou sei lá o quê, faça alguma coisa! Avise que ele já ultrapassou os limites do ridículo há uns três dias atrás. Esse papel de porta-voz da família da advogada que está desempenhando já tá ficando constrangedor.

15 fevereiro 2009

A verdade é detalhe

Eu e meus colegas de trabalho brincamos dizendo que, na hora de zoar alguém, a verdade é um mero detalhe a ser ignorado e - por que não? - distorcido.

Parece que parte da nossa classe pensante concorda com isso.

Mesmo os fatos indicando o contrário, nada importa. A Suíça tem que ser, de alguma forma, a culpada. Portanto, é dever de todo formador de opinião alçá-la à categoria de lar de nazistas e país com inclinações totalitárias. Olha, dizer que a Suíça é um país de "inclinações totalitárias" nem pode ser considerado estupidez ou ignorância. É má-fe de quem conta com a ignorância dos seus leitores.

Se algum dia eu não conseguir mais ganhar dinheiro honestamente vou me tornar jornalista.

Minha diversão deste Domingo

O e-book Como ler jornais do Janer Cristaldo.

14 fevereiro 2009

Essa eu tinha que colocar

Depois de escrever o post onde eu exponho alguns motivos pelos quais o Brasil nunca será liberal, leio esse trecho num artigo do Olavão:

Quantos entendem a diferença entre defender a liberdade de mercado e beneficiar-se dela deixando a outros menos beneficiados, ou não beneficiados de maneira alguma, o encargo de defendê-la?

Que descreve exatamente o liberal bebê chorão. :-)

E tem esse tipo de liberal que muitos conhecemos:

Mas em geral o que vi foi uma horda de oportunistas esfomeados, que na atmosfera mais respirável que se abria não viam um horizonte de luta, mas um mercado, uma promessa de lucros fáceis, uma oportunidade de subir na vida sem fazer força. As palavras conservadorismo, liberalismo, democracia, não atingiam os seus corações como um chamamento ao dever: afagavam seus ouvidos como um sussurro sedutor, rebrilhavam em seus olhos como cifrões esculpidos em ouro.

Método de leitura

Quando me deparo com um artigo, uso o seguinte método de leitura: primeiro dou uma passada rápida pelo conteúdo, à caça de clichês e fazendo uma contagem de citações. Artigos com muitas citações me irritam porque me passam a idéia de que o autor não sabe expressar o que pensa com suas próprias palavras. Artigo não é produto acedêmico, portanto citações devem ser usadas com moderação. O pior mesmo são os clichês. Se eu passo os olhos pelo texto e a contagem de clichês é muito grande eu logo largo o texto de lado. Tão grave quanto, é quando o conteúdo todo do artigo gira em torno de um clichê, facilmente refutado pela realidade que o cerca. E isso foi o que aconteceu com esta reportagem da Veja:

O fato de [os adolescentes] estarem sempre conectados os leva a ter interesse por mais assuntos e a ser mais bem informados de maneira geral.

Rá! Basta conviver com jovens por um mês e você verá que isso não passa do mais falso clichê. Certamente o autor desta matéria nunca conversou com um típico jovem "antenado".

O bom é que, com a qualidade das publicações por aqui, a gente economiza uma grana ao não fazer assinaturas.

Por que o Brasil nunca será liberal

Pelo mesmo motivo que um anão nunca será jogador de baquetebol profissional na NBA.

Deve haver outros motivos mas eu cito dois aqui:

1) Falta base.

Ao contrário dos liberais que seguem a linha economicista, penso que a liberdade econômica é consqüência de uma sociedade que evoluiu até se tornar liberal. A liberdade demanda um conjunto de pré-requisitos para que possa existir plenamente nas várias esferas da nossa vida. Olhando um pouco para a história do mundo, me parece que o liberalismo coincidiu com o ápice das sociedades onde ele aflorou. À medida que as bases morais dessas mesmas sociedades foram ruindo, estas foram se tornando menos liberais. Hoje chegamos ao ponto do governo dos EUA aprovar pacotes que fazem nossos programas governamentais parecerem coisa de amador. Por isso, penso que a tendência dos países que experimentaram um dia o liberalismo é se tornarem cada vez menos liberais. E os países que nunca foram, nunca serão.

Mas ei! Eu sou um pessimista. Espero estar errado.

2) Faltam bons evangelizadores.

Não encontrei outra expressão, então peguei essa emprestada do meu nicho de mercado. Evangelizador é aquela pessoa que vai ao mercado mostrar para os potenciais clientes por que eles deveriam adquirir um determinado produto. Neste aspecto, os evangelizadores do liberalismo - salvo raras excecões - são uma catástrofe. Na verdade, ao ler artigos de alguns deles, sinto uma compulsão de me filiar ao PSTU.

Alguns, por falta de base filosófica, se atêm ao mero aspecto da eficiência econômica. Outros, decoram uma meia de dúzia de citações de autores austríacos, e acreditam que recitá-las constitui argumentação. Mal comparando, é como um muçulmano recitando trechos do Alcorão. Não querem adaptar idéias ao mundo, mas o mundo às idéias. Finalmente temos um outro tipo de liberal que parece mais um bebê chorão. Tem problemas com autoridade e prega o liberalismo apenas porque quer pagar menos impostos e porque não quer ninguém dizendo-lhe o que fazer; nunca. Se acha um ser auto-suficiente embora produza quase nada de útil e usufrua de tudo que a sociedade opressora lhe dá. Não aceita "trocar liberdade por segurança" mas também não quer nem saber como obter os dois ao mesmo tempo.

Nóis pobrinhu pudemo fazê tudio

Essa mania de brasileiro achar que o fato de ser "pobrinho" lhe confere algum privilégio no convívio com os "ricos" nos torna um dos povos mais escrotos que há, às vezes até mesmo mais escrotos que os argentinos. Celebridades internacionais vêm ao Bananão e, mesmo diante daquelas poças de merda que são a Lagoa Rodrigo de Freitas e muitas praias da Zona Sul do Rio de Janeiro; mesmo diante da imundice que impera nas nossas ruas; mesmo diante da violência e da pobreza, eles ainda mantêm a cortesia de agir amistosamente na "casa dos outros." Quando questionados sobre o que acharam do país, abrem um sorriso e mentem "É um lugar maravilhoso! Que pena que não pude vir antes. Pretendo voltar muitas vezes!"

Mas o brasileiro? Nãao... O brasileiro se acha no direito de entrar na casa dos outros, abrir a geladeira, beber a última cerveja, passar a mão na bunda da dona da casa e ainda dar um pescotapa no dono. E ai do dono se ele esboçar a mínima contrariedade, exigindo um pouco de modos do visitante mal educado. Será logo chamado de arrogante, de estar humilhando o brazuca só porque ele é pobre e besteiras do tipo.

Quantas vezes vi brasileiros respondendo à pergunta - quase procolar - "o que você está achando daqui?" com críticas - muitas vezes severas, principalmente quando nos EUA - e comparações que visavam a mostrar ao pobre gringo que ele vivia num lugar merda e que o paraíso mesmo se encontrava lá abaixo do Equador.

Acho que todo guia de turismo destinado a brasileiros deveria vir também com um manual de etiqueta.

11 fevereiro 2009

Partindo corações

Este trecho da "bíblia" dos libertários, A Ação Humana, é de partir os seus corações:

In order to establish and to preserve social cooperation and civilization, measures are needed to prevent asocial individuals from committing acts that are bound to undo all that man has accomplished in his progress from the Neanderthal level. In order to preserve the state of affairs in which there is protection of the individual against the unlimited tyranny of stronger and smarter fellows, an institution is needed that curbs all antisocial elements. Peace--the absence of perpetual fighting by everyone against everyone--can be attained only by the establishment of a system in which the power to resort to violent action is monopolized by a social apparatus of compulsion and coercion and the application of this power in any individual case is regulated by a set of rules--the man-made laws as distinguished both from the laws of nature and those of praxeology. The essential implement of a social system is the operation of such an apparatus commonly called government. [p. 281]

The concepts of freedom and bondage make sense only when referring to the way in which government operates. It would be highly inexpedient and misleading to say that a man is not free because, if he wants to stay alive, his power to choose between a drink of water and one of potassium cyanide is restricted by nature. It would be no less inconvenient to call a man unfree because the law imposes sanctions upon his desire to kill another man and because the police and the penal courts enforce them. As far as the government--the social apparatus of compulsion and oppression--confines the exercise of its violence and the threat of such violence to the suppression and prevention of antisocial action, there prevails what reasonably and meaningfully can be called liberty. What is restrained is merely conduct that is bound to disintegrate social cooperation and civilization, thus throwing all people back to conditions that existed at the time homo sapiens emerged from the purely animal existence of its nonhuman ancestors. Such coercion does not substantially restrict man's power to choose. Even if there were no government enforcing man-made laws, the individual could not have both the advantages derived from the existence of social cooperation on the one hand, and, on the other, the pleasures of freely indulging in the rapacious animal instincts of aggression.

In the market economy, the laissez-faire type of social organization, there is a sphere within which the individual is free to choose between various modes of acting without being restrained by the threat of being punished. If, however, the government does more than protect people against violent or fraudulent aggression on the part of antisocial individuals, it reduces the sphere of the individual's freedom to act beyond the degree to which it is restricted by praxeological law. Thus we may define freedom as that state of affairs in which the individual's discretion to choose is not constrained by governmental violence beyond the margin within which the praxeological law restricts it anyway.

This is what is meant if one defines freedom as the condition of an individual within the frame of the market economy. He is free in the sense that the laws and the government do not force him to renounce his autonomy and self-determination to a greater extent than the inevitable praxeological law does. What he foregoes is only the animal freedom of living without any regard to the existence of other specimens of his species. What the social apparatus of compulsion and coercion achieves is that individuals whom malice, shortsightedness or mental inferiority prevent from realizing that by indulging in acts that are destroying society they are hurting themselves and all other human beings are compelled to avoid such acts. [p. 282]

From this point of view one has to deal with the often-raised problem of whether conscription and the levy of taxes mean a restriction of freedom. If the principles of the market economy were acknowledged by all people all over the world, there would not be any reason to wage war and the individual states could live in undisturbed peace. But as conditions are in our age, a free nation is continually threatened by the aggressive schemes of totalitarian autocracies. If it wants to preserve its freedom, it must be prepared to defend its independence. If the government of a free country forces every citizen to cooperate fully in its designs to repel the aggressors and every able-bodied man to join the armed forces, it does not impose upon the individual a duty that would step beyond the tasks the praxeological law dictates. In a world full of unswerving aggressors and enslavers, integral unconditional pacifism is tantamount to unconditional surrender to the most ruthless oppressors. He who wants to remain free, must fight unto death those who are intent upon depriving him of his freedom. As isolated attempts on the part of each individual to resist are doomed to failure, the only workable way is to organize resistance by the government. The essential task of government is defense of the social system not only against domestic gangsters but also against external foes. He who in our age opposes armaments and conscription is, perhaps unbeknown to himself, an abettor of those aiming at the enslavement of all.

08 fevereiro 2009

Buy american

Eu sei que as pessoas são estúpidas e não conseguem usar a cabeça para outra coisa que não separar as orelhas. Sei que é inútil tentar mudar a natureza de um idiota com fatos. Mas vamos lá assim mesmo: o mundo deveria aprender que, quando o assunto é comércio, é melhor - ou menos pior, pode escolher - ter Republicanos no comando dos EUA. Como ficarão as coisas internamente nos EUA não é problema meu. O que interessa é a posição de Republicanos e Democratas em relação ao comércio com o resto do mundo e esta lista de votação - surrupiada do blog do Mankiw - não poderia ser um exemplo melhor:

Statement of Purpose: To prohibit the applicability of Buy American requirements in the Act to the utilization of funds provided by the Act.

Grouped By Vote Position

YEAs --- 31
Alexander (R-TN)
Barrasso (R-WY)
Bennett (R-UT)
Bond (R-MO)
Bunning (R-KY)
Chambliss (R-GA)
Coburn (R-OK)
Cochran (R-MS)
Corker (R-TN)
Cornyn (R-TX)
Crapo (R-ID)
DeMint (R-SC)
Ensign (R-NV)
Enzi (R-WY)
Hatch (R-UT)
Inhofe (R-OK)
Isakson (R-GA)
Johanns (R-NE)
Kyl (R-AZ)
Lieberman (ID-CT)
Lugar (R-IN)
Martinez (R-FL)
McCain (R-AZ)
McConnell (R-KY)
Murkowski (R-AK)
Risch (R-ID)
Roberts (R-KS)
Sessions (R-AL)
Shelby (R-AL)
Thune (R-SD)
Wicker (R-MS)

NAYs ---65

Akaka (D-HI)
Baucus (D-MT)
Bayh (D-IN)
Begich (D-AK)
Bennet (D-CO)
Bingaman (D-NM)
Boxer (D-CA)
Brown (D-OH)
Brownback (R-KS)
Burr (R-NC)
Burris (D-IL)
Byrd (D-WV)
Cantwell (D-WA)
Cardin (D-MD)
Carper (D-DE)
Casey (D-PA)
Collins (R-ME)
Conrad (D-ND)
Dodd (D-CT)
Dorgan (D-ND)
Durbin (D-IL)
Feingold (D-WI)
Feinstein (D-CA)
Gillibrand (D-NY)
Graham (R-SC)
Grassley (R-IA)
Hagan (D-NC)
Harkin (D-IA)
Hutchison (R-TX)
Inouye (D-HI)
Johnson (D-SD)
Kaufman (D-DE)
Kerry (D-MA)
Klobuchar (D-MN)
Kohl (D-WI)
Landrieu (D-LA)
Lautenberg (D-NJ)
Leahy (D-VT)
Levin (D-MI)
Lincoln (D-AR)
McCaskill (D-MO)
Menendez (D-NJ)
Merkley (D-OR)
Mikulski (D-MD)
Murray (D-WA)
Nelson (D-FL)
Nelson (D-NE)
Pryor (D-AR)
Reed (D-RI)
Reid (D-NV)
Rockefeller (D-WV)
Sanders (I-VT)
Schumer (D-NY)
Shaheen (D-NH)
Snowe (R-ME)
Specter (R-PA)
Stabenow (D-MI)
Tester (D-MT)
Udall (D-CO)
Udall (D-NM)
Vitter (R-LA)
Warner (D-VA)
Webb (D-VA)
Whitehouse (D-RI)
Wyden (D-OR)

Not Voting - 3

Gregg (R-NH)
Kennedy (D-MA)
Voinovich (R-OH)

Brasil olímpico

Ontem tava dando uma zapeada pelos canais de TV quando tropecei num programa da ESPN Brasil cujo nome, se não me engano, era "Brasil Olímpico." Em todo caso, o programa reunia várias matérias sobre as obras que foram feitas no Rio de Janeiro para que a cidade sediasse o Pan 2007. Acho que teve de tudo: irregularidades em licitação, superfaturamento, desapropriação que ainda não foi paga, instalações abandonadas, enfim, um apanhado do que é o Brasil.

No último bloco, o apresentador, com ar muito sério, perguntou "Será que estamos preparados para sediar uma Olimpíada?" Foram ouvidas pessoas partidárias do sim e do não, mas a resposta que mais me agradou foi a do técnico Bernardinho, esse exemplo de ética - melhor dizendo, esse exemplo de pai - ao ser perguntado por que ele era a favor da candidatura do Brasil se o caso do Pan 2007 foi um exemplo de má utlilização do dinheiro público. Cito de cabeça, mas ele disse algo como:

- Não podemos nos prender ao erros do passado. Temos que ver se aprendemos algo com eles e tentar não repeti-los.

É preciso muito talento para dizer isso com uma cara séria.

Barreiras

Gostaria de ver uma demonstração, seja através de modelos, seja de exemplos da vida real, da veracidade da afirmação “abrir barreiras, ainda que unilateralmente, é bom para a população.” Claro, levando-se em consideração as realidades sócio-econômicas dos países envolvidos e não modelos abstratos, porque, usando modelos abstratos, até socialistas conseguem sustentar seus pontos de vista.

06 fevereiro 2009

Barney Stinson sabe tudo

No episódio "The Possimpible" de How I met your mother:

That’s what corporate American wants: people who seem like bold risk takers, but never actually do anything.

Até que durou

Após escapar de vários que circularam por aí, desta vez não teve jeito.

O Igor do Mosca Azul (tem troco, tem troco) "meme" manda este Meme: devo escancarar seis segredos. Parece mole, mas né não:

1) Fui um adolescente, jovem e adulto alienado até uns bons 20 e muitos anos. Enquanto meus amigos de segundo grau liam "A Ilha" e se emocionavam com a revolução cubana eu queria mais era saber de zoar. Passei imaculado pela Universidade também. Engajamento não era comigo.

2) Detesto ir no banheiro fora de casa (no. 2, claro!). Mas se precisar muito eu vou.

3) Quando fui para a Indonésia fiz um certo sucesso com as mulheres naquele clube que foi alvo de atentado... Dançando lambada. Sabem como é: terra de cego...

4) Tenho uma certa queda por Axé Music. Não é algo que eu compre CD, mas é impossível, para mim, ouvir um axé e não bater o pé.

5) Tenho um possante Uno 95 do qual me recuso teimosamente a me desfazer, apesar dos apelos daqueles que me conhecem.

6) Detesto trabalhar. Mas gosto do que faço e sou bom nisso.

Passo à frente para o Flamarion, Xará De Gustibus, Mr. X e Refém do Estado.

01 fevereiro 2009

A lua de mel está acabando

E, o mundo pelo menos, começa a sentir saudades de George W. Bush.

Horas antes desse discurso, o diretor-geral da OMC havia informado, num encontro com jornalistas, não ter tido ainda nenhum contato com o governo Obama. Diplomaticamente, procurou amaciar essa informação: afinal, ponderou, o governo é novo e o nome indicado para ser o negociador comercial dos Estados Unidos ainda nem foi aprovado pelo Congresso. Mas o indicado, Ron Kirk, ex-prefeito de Dallas, não tem experiência no setor e é vagamente descrito como favorável ao livre comércio.

De Washington, a única notícia concreta sobre política comercial, nesta semana, foi negativa. O pacote de estímulo fiscal de US$ 819 bilhões aprovado pela Câmara tem uma cláusula restritiva: ficará sem acesso ao dinheiro quem realizar obras de infraestrutura com ferro ou aço importado. O mundo terá de engolir "pelo menos provisoriamente" essa decisão, disse em Davos o senador Brian Baird, do partido de Obama.

Talvez não se possa, a partir desses fatos, formular conclusões seguras sobre como será a diplomacia econômica do novo governo americano. Com o país atolando na recessão e o sistema financeiro ainda sem mostrar o fundo do seu poço, é compreensível a prioridade atribuída pelo presidente à agenda interna. Mas essa agenda não envolve todo o governo. Além disso, ele teve tempo suficiente, desde a campanha, para definir uma orientação econômica internacional. Não se poderia esperar menos que isso de um aspirante ao governo da economia mais importante do mundo.

Claro que ainda é cedo demais para admitir isso.

A lua de mel est'